domingo, 19 de abril de 2009

Souad, “Queimada Viva”


Souad era uma criança cisjordana que habitava numa casa com uma enorme porta de ferro e um grande muro, que não permitiam qualquer contacto com o exterior. Vivia com os seus pais e com seis irmãos, dos quais apenas um era rapaz. Desta forma, era o único que usufruía de regalias, tais como ir à escola ou sair à noite, numa sociedade que valorizava mais os animais que as mulheres. Desde muito nova que Souad começou a trabalhar, cuidando dos seus irmãos, limpando a casa, tomando conta do gado e das plantações da família, entre muitas outras tarefas árduas para uma menina de apenas dez anos de idade.
Durante toda a sua infância, viveu com medo de ser morta e, por isso, o seu maior desejo era arranjar um marido e sair de casa, uma vez que esta era maltratada pelo pai, assim como todas as mulheres da sua comunidade. O grande problema é que tinha que esperar que a sua irmã mais velha se casasse, o que parecia nunca mais acontecer. Souad acabou por se envolver intimamente com um rapaz, mesmo sabendo que só o podia fazer depois de casada e, para seu grande desespero, acabou por engravidar. Assinou, assim, a sua sentença de morte. Ela era a vergonha da família e, por isso, coube ao cunhado matá-la. Este foi, então, a casa de Souad e pegou-lhe fogo. Esta foi parar ao hospital em estado muito grave com queimaduras pelo corpo todo. Ainda recebeu a visita dos pais que a tentaram envenenar, sem sucesso. Lá, os médicos não queriam saber dela, devido ao que fez e Souad acabou por dar à luz sozinha. O bebé foi-lhe retirado e levado para um orfanato.
À beira da morte, apareceu Jacqeline, que pertencia a uma organização humanitária. Esta, com a ajuda de um médico, conseguiu resgatar em sigilo Souad e o seu bebé, levando-os para a Suiça. Aí, Souad foi submetida a inúmeras operações acabando por sobreviver. Refez a sua vida, arranjando um trabalho e dando o seu filho para a adopção.
Mais tarde, Souad arranjou marido e tem duas filhas. Sentia-se feliz, mas tinha ainda complexos com a sua imagem desfigurada. Sofreu muitas depressões, mas acabava sempre por recuperar. Durante a sua vida de casada, Souad recuperou o contacto com o seu primeiro filho e juntos vão tentando conhecer-se melhor. Este é então apresentado às suas filhas e ao seu marido que nutrem logo uma grande amizade por ele. Queimada Viva é “ um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres.”


Jéssica Figueiredo
Nº 9, 10ºB

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