domingo, 19 de abril de 2009

Christopher Paolini, "Eldest"


O livro “Eldest” pertence a uma colecção chamada “Ciclo da Herança”, constituída por quatro livros; “Eldest” é o segundo e, como tal, apresentarei sumariamente o seu antecessor “Eragon”, para que se entenda o encadeamento da historia.
No primeiro livro da colecção, um rapaz de 15 anos, Eragon, descobre uma pedra de cor azulada. Entretanto, descobre que não se trata de uma simples pedra, mas sim de um ovo de dragão. Mal este se parte, o rapaz torna-se um cavaleiro do dragão e Eragon passa a ser perseguido pelo Imperador Galbatorix, que tinha más intenções para o destino do rapaz, pelo que este se vê obrigado a fugir.
Os seus perseguidores acabam por matar o seu tio, o que desperta em Eragon um enorme sentimento de vingança; após este acontecimento, abandona a sua terra natal acompanhado por um ex-cavaleiro de dragão, Brom, que também se opõe ao Imperador; este vai-lhe ensinando tudo o que ele precisa saber. Enquanto se dirigem para a zona dos rebeldes (Varden), passam numa importante cidade do Império onde resgatam uma princesa elfo (Arya) que tinha sido capturada pelo Imperador. Após o salvamento, Brom acaba por morrer, deixando Eragon apenas com o seu dragão e com a princesa que se encontrava inconsciente. Mais tarde, Eragon chega finalmente à zona dos rebeldes, já acompanhado por um outro aliado (Murtagh); pouco tempo depois de lá chegar, desenrola-se uma batalha em que os rebeldes ganham e Eragon acaba por matar um dos principais aliados do Imperador Durza, no entanto acaba por desaparecer. E assim termina o primeiro livro.
No segundo livro, conta-se que Eragon saiu da zona da batalha acompanhado por anões e foi para a capital dos elfos que ficava escondida num enorme bosque. Entretanto, o seu primo Roran e os restantes habitantes da sua terra natal tinham um enorme desafio - tinham que se debater contra guerreiros do Imperador que os queriam capturar para obter informações de Eragon. Como eles não sabiam nada sobre ele tiveram que lutar, pois se se deixassem capturar seriam torturados ou escravizados. Na terra dos elfos, Eragon estava a ser treinado por um elfo que era também um Cavaleiro de dragão, sendo assim o seu dragão o mais velho dos três que existiam. Esse cavaleiro chama-se Oromis e já não combatia devido à incapacidade do seu dragão (não possuía uma pata).
Lá, na capital dos elfos, Eragon participou num ritual que o tornou meio elfo meio humano, o que fez melhorar imenso as suas habilidades motoras, isto e o treino que recebera fez com que Eragon e o seu dragão melhorassem imenso, quer a nível físico quer a nível psicológico, e agora estavam melhor preparados para qualquer tipo de batalha em que fossem necessários.
Na cidade natal de Eragon, o seu primo liderava agora os anciãos para o único sitio onde se poderiam abrigar, que era o território dos Varden, mas para lá chegarem eles tiveram que fazer um longa e dura viagem.
Eragon saiu da cidade dos elfos para combater do lado dos rebeldes. Mal lá chegou deparou-se com uma enorme revelação - o seu “amigo” que desaparecera na primeira batalha era agora também um cavaleiro de dragão e o mais surpreendente é que ele lutava pelo Imperador. Eragon lutou contra ele e perdeu, mas como eles tinham sido amigos, ele poupou a vida a Eragon, embora lhe roubasse a espada que pertencia ao pai de ambos; foi neste momento que Eragon soube que eram irmãos e que o seu pai também tinha sido um cavaleiro de dragões, e que este lutou pelo Imperador.
No final da batalha, Eragon e o seu primo encontraram-se e Eragon jurou ajudar o seu primo a resgatar a sua amada. E é aqui que o livro acaba.

Ricardo Santos
Nº 18, 10ºA

Souad, “Queimada Viva”


Souad era uma criança cisjordana que habitava numa casa com uma enorme porta de ferro e um grande muro, que não permitiam qualquer contacto com o exterior. Vivia com os seus pais e com seis irmãos, dos quais apenas um era rapaz. Desta forma, era o único que usufruía de regalias, tais como ir à escola ou sair à noite, numa sociedade que valorizava mais os animais que as mulheres. Desde muito nova que Souad começou a trabalhar, cuidando dos seus irmãos, limpando a casa, tomando conta do gado e das plantações da família, entre muitas outras tarefas árduas para uma menina de apenas dez anos de idade.
Durante toda a sua infância, viveu com medo de ser morta e, por isso, o seu maior desejo era arranjar um marido e sair de casa, uma vez que esta era maltratada pelo pai, assim como todas as mulheres da sua comunidade. O grande problema é que tinha que esperar que a sua irmã mais velha se casasse, o que parecia nunca mais acontecer. Souad acabou por se envolver intimamente com um rapaz, mesmo sabendo que só o podia fazer depois de casada e, para seu grande desespero, acabou por engravidar. Assinou, assim, a sua sentença de morte. Ela era a vergonha da família e, por isso, coube ao cunhado matá-la. Este foi, então, a casa de Souad e pegou-lhe fogo. Esta foi parar ao hospital em estado muito grave com queimaduras pelo corpo todo. Ainda recebeu a visita dos pais que a tentaram envenenar, sem sucesso. Lá, os médicos não queriam saber dela, devido ao que fez e Souad acabou por dar à luz sozinha. O bebé foi-lhe retirado e levado para um orfanato.
À beira da morte, apareceu Jacqeline, que pertencia a uma organização humanitária. Esta, com a ajuda de um médico, conseguiu resgatar em sigilo Souad e o seu bebé, levando-os para a Suiça. Aí, Souad foi submetida a inúmeras operações acabando por sobreviver. Refez a sua vida, arranjando um trabalho e dando o seu filho para a adopção.
Mais tarde, Souad arranjou marido e tem duas filhas. Sentia-se feliz, mas tinha ainda complexos com a sua imagem desfigurada. Sofreu muitas depressões, mas acabava sempre por recuperar. Durante a sua vida de casada, Souad recuperou o contacto com o seu primeiro filho e juntos vão tentando conhecer-se melhor. Este é então apresentado às suas filhas e ao seu marido que nutrem logo uma grande amizade por ele. Queimada Viva é “ um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres.”


Jéssica Figueiredo
Nº 9, 10ºB

Luís Sepúlveda, "História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar"


História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar é uma fábula, em que o protagonista é um gato. Esta é a história de Zorbas, um gato grande, preto e gordo, que morava numa casa perto do porto de Hamburgo e de uma gaivota chamada Kengah.
Um dia, Kengah, vítima da poluição de uma maré negra, com dificuldade em bater as asas, levantou voo e aterrou sem forças na varanda do gato Zorbas. Antes de morrer, com as suas últimas forças, pôs um ovo, e solicitou três promessas a Zorbas. A primeira era não comer o ovo, a segunda era cuidar dele até nascer a gaivota e a terceira era ensiná-la a voar. Perante o estado debilitado da pobre gaivota-mãe, Zorbas aceitou cumprir todas as promessas, sem se aperceber do tamanho dessa responsabilidade.
Começou aí a aventura de Zorbas, que, para cumprir as suas promessas, procurou auxílio junto dos seus amigos: Collonelo, um gato com alguma idade, mas sempre pronto a dar um bom conselho; Secretário, o seu ajudante; Sabetudo, um gato muito inteligente que ajudava os seus amigos recorrendo às enciclopédias, e Barlavento, o gato de mar. Decidiram dar-lhe um nome e todos concordaram chamar-lhe Ditosa. Ela integrou-se bem no grupo, apesar de ser um ser diferente, mas achava que também ela era um gato e era com eles que ela queria ficar, mas como era uma gaivota, ia sentindo vontade de voar.
Aos poucos, Sabetudo consultando as suas enciclopédias e com a ajuda dos outros gatos, foi dando “lições de voo” a Ditosa, sem sucesso. O gato Zorbas decidiu então quebrar o tabu dos gatos e procurou ajuda junto de um humano, o poeta. Este, não querendo acreditar no que via e ouvia, pois nunca se tinha ouvido um gato falar, decidiu prestar-lhe todo o seu apoio.
E, numa noite chuvosa, combinaram um encontro no cimo da torre de uma igreja. O humano pegou em Ditosa e atirou-a para o céu, esta ainda hesitante estendeu as asas, seguiu o seu destino e voou, deixando Zorbas com lágrimas nos olhos, ao ver partir a sua amiga, mas compreendendo também a necessidade dela seguir a sua natureza.
Esta é a história de dois seres completamente distintos que, por partida do destino se juntaram, que por honra a uma promessa acabaram por construir uma bela amizade; é a história de um grupo de amigos que, por lealdade, apesar de todas as dificuldades aparentes, ajudaram Zorbas a cumprir uma promessa quase impossível de cumprir.
Esta obra é um exemplo de uma linda amizade e de valores que não vemos no dia-a-dia, e mostra-nos que, quando queremos algo, se nos empenharmos, conseguimos alcançá-lo.

Nelson Santos
Nº 15, 10º A

Torey Hayden, "A Menina Que Nunca Chorava”


Torey Hayden, a brilhante professora e psicóloga que logo me cativou no seu livro A Criança Que Não Queria Falar”, continua neste livro a história verídica e contagiante de Sheila, a pequena criança que viu, pela primeira vez, o amor pelas suas mãos. Penso que só faz sentido ler este livro, depois de ler A Criança Que Não Queria Falar, porque aí está o início de tudo: o pequeno artigo de jornal que relatava o acontecimento horrível de uma menina de seis anos que prendera um menino mais novo a uma árvore no bosque e lhe ateara fogo; Sheila enviada para a turma especial de Torey enquanto não havia vagas no hospital psiquiátrico; o amor que Torey lhe deu a conhecer e que marcou profundamente aquela menina, fruto de um passado tão infeliz; o momento em que todos se separaram e seguiram as suas vidas. Cinco meses juntas, Sheila e Torey mudaram a vida uma da outra e marcaram-se mutuamente.
Torey encontrava-se a cerca de mil e seiscentos quilómetros daquela que fora a sua vida de professora na escola em Marysville. A sua vida tinha dado uma grande volta; já não estava com Chad, mas mantinha com este uma boa relação de amizade; frequentava agora a faculdade e dedicava o seu tempo livre à investigação de problemas psicológicos associados à linguagem (tema esse derivado do contacto que teve com Sheila).
Três anos depois, Torey regressou para visitar os seus amigos e, numa conversa com Chad, descobriu que o pai de Sheila havia sido preso e que a pequena se encontrava para adopção. Destroçada, Torey escreveu-lhe e enviou-lhe fotografias, mas não obteve resposta. Apenas dois anos mais tarde, recebeu um poema de Sheila endereçado para a Universidade onde ensinava.
Seis meses após ter escrito o livro A Criança Que Não Queria Falar, Torey encontrou lugar na Sandry Clinic como psicóloga investigadora. Aí partilhava o gabinete com Jeff Tomlinson que já era médico e estava no último ano do seu estágio como psicólogo infantil.
Faltavam três meses para Sheila completar catorze anos, quando Torey finalmente a localizou. Já não a via há sete anos, tinha então passado mais de metade da sua vida. Sheila vivia com o pai num pequeno duplex numa zona degradada, mas em melhores condições do que a barraca no campo de imigrantes. Torey foi recebida pelo senhor Renstad, pai de Sheila, que se encontrava bastante diferente. Sheila, a pequena Sheila, também havia mudado drasticamente: era agora uma rapariga magra e alta; os cabelos loiros e lisos tinham sido substituídos por uns caracóis artificiais pintados de um laranja bastante forte; quanto às suas roupas, Sheila possuía uma indumentária muito invulgar - uma enorme T-shirt branca com um blusão de ganga coçado com as mangas arregaçadas e umas calças de ganga cortadas, a moda da altura. Juntas de novo, contaram o que se havia passado nos últimos anos, ora sobre a escola, ora sobre o rumo das suas vidas. Torey deu a conhecer a Sheila o livro que escrevera e esta começou a lê-lo. Não se lembrava de quase nada; não se lembrava das crianças com quem convivera, não se lembrava de Anton nem de Whitney. Torey sentiu-se triste, desiludida, revoltada com o facto de Sheila ter esquecido todos aqueles momentos que a tinham marcado tanto...
Tinha chegado o Verão, e com ele o programa de Verão da Clínica de Torey; oito semanas, durante os meses de Junho e Julho, em que o objectivo era trabalhar com oito crianças portadoras de problemas mentais graves num programa escolar. Para estas crianças havia Torey, Jeff e Miriam, uma mulher mais velha, enérgica e determinada; no entanto, eles precisavam não de cabeças, mas sim de mãos e foi aí que Torey se lembrou de Sheila, ela era a pessoa indicada para os ajudar naquele programa.
À medida que o tempo passava, Sheila e Torey voltavam a conhecer-se: Torey não conseguia ver a menina pequena que tinha ido parar às suas mãos naquela sala de aula e Sheila, que se ia lembrando das pessoas e dos momentos que passara com Torey, não via também a professora meiga e carinhosa que a acolhera e lhe mostrara a felicidade. Várias vezes discutiram.
E foi perto do fim do Programa de Verão que Torey e Sheila se viram pela última vez naquele ano. Torey deixou de ter notícias de Sheila, esta tinha desaparecido com o pai. Torey sentiu todo o tipo de emoções naquela semana: choque, raiva, desalento, lamento, tristeza; aqueles três meses com Sheila tinham servido para reconstituir a relação que tinham e agora tinha-a perdido outra vez.
Passou-se, então, o Verão, o Outono, o Inverno e com ele um novo ano, novas crianças, novas relações e o trabalho de Torey que prosseguia. E foi ao regressar de férias, após um mês longe de casa, que Torey encontrou uma carta de Sheila, uma carta de suicídio. Perante isto Torey não teve forças para fazer absolutamente nada. Mas Sheila não estava morta, pois um ano mais tarde, ao chegar a casa, Torey encontrou um espesso envelope com cartas desta. No entanto, o caminho para uma vida mais estável e feliz ainda era longo e difícil, devido aos obstáculos por que Sheila teria de passar. Porém, a menina conseguiu atingir o seu destino, visto que dez anos depois, Sheila, dona de uma mentalidade empresarial inesperadamente astuta, é gerente da sua filial de fast-food e espera-se que seja uma das mais jovens concessionárias na sua região do país. Tem a sua própria personalidade e sente-se confortável com a pessoa em que se tornou. Evoluiu para uma jovem notavelmente estável e competente.
Para mim, esta história foi absolutamente contagiante e emocionante, principalmente pelo facto de ser verídica; é do tipo de histórias que mexe com as pessoas, com os seus próprios sentimentos. É a história de uma infância repleta das piores maldades que existem: violência, tristeza, solidão. É a história de uma menina que não sorria até ao momento em que chegou àquela sala de aula, até ao momento em que conheceu aquela professora, que não a chamou de maluca nem pôs de lado, mas lhe deu a conhecer a felicidade.


Cláudia Costa
Nº4 10ºB






terça-feira, 7 de abril de 2009

Mia Couto, "Venenos de Deus, Remédios do Diabo" - outra leitura

Tudo começa com a chegada de um médico português a uma pequena localidade de Moçambique. Este médico vai numa missão de ajuda à população que enfrenta uma forte epidemia; no entanto, ficamos a saber que uma força maior o levou lá - o facto de se ter apaixonado por uma rapariga mulata que provinha daquela zona de Moçambique.
Em Vila Cacimba, Sidónio Rosa encontra-se com os pais da sua amada. Durante vários meses, o médico fez visitas regulares à casa dos pais de Deolinda, onde começam a desenrolar-se uma série de acontecimentos que revelam, a pouco a pouco, a verdade, no meio de fugas da mãe de Deolinda, de fugas por parte do doente, pai de Deolinda, de tentativas de envenenamento, entre outras situações. No final, acaba por ocorrer uma situação estranha e bizarra e vamos encontrar o médico adormecido no meio de um cemitério de soldados alemães.
Mais não conto… Acho que para quem gosta dos livros de Mia Couto e aprecia a famosa capacidade que este autor possui de inventar e criar novas palavras, este é um livro a não perder. É um romance cheio de suspense e de sucessivas revelações; posso mesmo dizer que prende o leitor até ao final para saber qual é a verdade - se afinal o médico é mesmo médico, se será Deolinda filha dos Sozinhos,… Estas são algumas das perguntas que surgem e que acabam por se desvendar da maneira mais surpreendente.
Pessoalmente, eu gostei da obra; achei bastante interessante a tal reinvenção das palavras por parte de Mia Couto, visto que foi o primeiro livro que li deste autor. Mostra que mentira puxa mentira, mas estas estão fortemente interligadas e totalmente relacionadas. Então quando uma mentira é “desmascarada” todas as outras o são, também. E toda a verdade acaba por vir ao de cima, como se costuma dizer.
Henrique Fernandes
10º B Nº8

sábado, 4 de abril de 2009

Zana Muhsen, "Vendidas"



Este livro fala de duas adolescentes, filhas de pai Iemenita e mãe britânica, que viviam em solo britânico. Estas raparigas foram levadas para o Ièmen pelo pai, com a desculpa de irem passar umas férias à terra natal do seu progenitor. Cheias de ilusões e expectativas por irem conhecer um país tão diferente e em relação ao qual imaginavam praias lindas, vistas maravilhosas, acabaram por, na realidade, conhecer o horror e a infelicidade.
Zana partiu sem a sua irmã ficando combinado encontrarem-se duas semanas após a partida desta para o Iémen. Quando Zana chegou a este país, descobriu que ela e a sua irmã tinham sido vendidas e acabariam casadas com dois adolescentes. Zana, a irmã mais velha, fez de tudo para impedir que Nádia iniciasse a sua dita viagem de sonhos! Todos os sacrifícios que enfrentou para impedir a ida da sua irmã para o Iémen foram em vão! Duas semanas depois, as duas irmãs encontravam-se juntas a lutar por um direito comum, "a liberdade". A partir deste instante, começou a vida de tormentos, humilhações e choque para as duas mulheres casadas, que não eram mais do que duas crianças. O choque cultural veio amplificar o tormento - numa idade em que deviam ter tido os primeiros namoricos, as primeiras descobertas e vivências naturais da sua idade foram violadas, espancadas e maltratadas durante anos.
Não podiam confiar em ninguém senão nelas próprias, não conheciam a cultura e estavam sempre a ser enxovalhadas. Se antes tomavam banho de água quente, agora tinham de carregar a água gelada para toda a família por caminhos ruins. Passaram a viver em casas feitas de excrementos de animais, as janelas eram minúsculas e tinham de dormir no chão. Tiveram filhos quando ainda eram crianças. Nádia, sendo a mais nova, começou a deixar-se envolver pelos costumes e lentamente começa a ter um relacionamento “normal” com o marido. Após oito anos de muita luta, Zana conseguiu a sua libertação. Mas para isso teve de deixar para trás a sua irmã, os sobrinhos e o filho. Zana e a mãe juraram a si próprias fazê-los sair do Iémen. Neste livro, ela descreve a sua história e o combate que travado em prol da libertação da irmã.
Ao ler “Vendidas” fiquei especialmente chocada. A sensação de que tudo o que lemos aconteceu realmente é demasiado pavoroso para mim. Zana é, sem dúvida, uma mulher de coragem assim como a sua irmã. A leitura deste livro trouxe-me um grande desconforto e tristeza, pois fez-me perceber que o mundo não é um conto de fadas, tal como muitos de nós o vemos, mas pelo contrário, a vida pode ser muito penosa para alguns. Desconhecia estes problemas e crimes contra a dignidade das mulheres, num país regido por leis e por uma religião totalmente retrógradas; é inadmissível que, no século XXI, ainda haja quem discrimine as mulheres, por considerá-las seres inferiores, incapazes de se orientarem por si e, por isso, precisarem da autoridade masculina.

Sónia Amaral
10º A Nº 21

Torey Hayden, "Uma Criança em Perigo"




Neste livro, Torey conta-nos um dos seus casos mais difíceis. Trabalhava na cidade há 3 anos, na clínica Sundry Clinic, como directora de investigação e terapeuta. Entretanto, decidiu mudar de emprego e aceitou o lugar de professora/educadora de crianças com distúrbios comportamentais, em Pecking, uma pequena cidade americana.
A sua turma era constituída por 4 alunos, mas desde logo uma menina lhe despertou a atenção, Jadie. Jadie tinha 8 anos e julgava-se e comportava-se como um fantasma: não falava, não ria e não chorava; ela sofria de mutismo electivo, ou seja, recusava-se a falar com estranhos, vivia dobrada sobre si própria, num mundo à parte. Mas, em casa, os pais garantiam que ela falava, ao contrário do que acontecia na escola.
Torey sabia que tinha de conseguir pô-la a falar o mais rápido possível e assim foi: logo na primeira abordagem, Jadie falou, pois Torey transmitia-lhe paz e confiança e Jadie chegou mesmo a chamar-lhe Deus.
A evolução do caso de Jadie foi lenta, mas Torey nunca desistiu. Entretanto, Jadie começou a aparecer na escola depois das aulas e falava dos seus problemas (mas tinha quer ser com a porta fechada).
A pouco e pouco, foi confessando os abusos sexuais a que era sujeita, mas sem conseguir identificar os agressores; Jadie dizia os nomes deles mas esses nomes correspondiam a personagens da série “Dallas” e, sendo assim, era difícil acreditar, devido à sua perturbação psicológica. Torey foi começando a desesperar, pois nenhuma das suas experiências anteriores a tinha preparado para este caso.
Após muito ponderar, Torey apresentou queixa na polícia e Jadie e as irmãs (Amber e Sapphire) foram retiradas aos pais e colocadas numa família de acolhimento. Após intensas buscas, nada se concluiu acerca da identidade dos agressores, pois os nomes que Jadie dava a quem a magoava eram falsos.
Esta história foi escrita doze anos depois de ter acontecido e Torey, no final do livro, escreveu um epílogo onde contava como Jadie vivia então, no presente, quase com 20 anos. Jadie encontrava-se muito bem e era feliz.


Alexandra Soares
10ºA nº1